terça-feira, 26 de outubro de 2004

Depois

Dou sempre - e somente - importância para aquilo que toca o meu coração.

Cada pequeno passo que a gente dá para frente é um salto no universo. E não é fácil caminhar sempre para a frente. Existem pedras, montanhas...

Não devemos encarar as pedras e as montanhas como obstáculo! Elas estão no caminho apenas para impedir que vejamos o que vem a seguir. Para manter a surpresa. E o problema está sempre na maneira de vermos as situações.

Não houvessem pedras, minha vida perderia toda a graça. Por isso mantenho sempre o 'depois' no seu devido lugar...

Comprador de Memórias

Essa é a história de um comprador de memórias, que dava dinheiro por qualquer lembrança alheia. Não precisava ser uma boa lembrança, bastava que fosse genuína. Nada de contos de livros nem de versos formados.

Com o passar do tempo, o comprador foi ficando impaciente, sempre as mesmas histórias! Passou, então, a selecionar o que iria ouvir...

Uma vez eu quis falar de amores, mas o comprador não tinha interesse na minha vida. "Muitas pessoas falam de amor" - ele disse. E não parecia querer saber de mais aventuras.

Uma outra vez eu quis falar de saudade. "Não quero mais conversas tristes" - ele disse. Nunca achei saudade algo ruim, mas chega de saudade, então.

Ele queria me pagar para falar de flores. Mas quem pode comprar aquilo que não pertence a ninguém?

domingo, 17 de outubro de 2004

Vazio

...e meus amantes até simpatizavam com minha causa, achavam corretos os meus pensamentos e belas minhas atitudes. Mas, mesmo assim, não me entendiam por completo e ainda se espantavam com minha liberdade. Tive que deixá-los, então.

E alguns desses amantes perdiam a identidade, chegavam a abrir mão da própria personalidade, tudo em troca de ilusão. Chegava a me questionar se abandoná-los era mesmo uma opção. Alguns não mereciam, mas todos precisavam daquilo...

Me perguntei mais de uma vez: O que a gente faz com quem não quer ser livre?

A resposta nunca veio, então sempre fiz o que achava certo, mesmo que achassem errado. Deixei-os mesmo assim.

Não esperei nunca que algum deles viesse me agradecer pelo que fiz, mas se eles entendessem já seria meio caminho andado.
E quem sabe a sensação de vazio diminuisse um pouco?

segunda-feira, 4 de outubro de 2004

Música

O que a chuva tem que acalma a gente?

- Já sei, nada de muita depressão...- ela vivia repetindo.
- Não me venha com essa voz de tédio. Só quero acreditar no que você está dizendo, pelo menos uma vez na vida, para variar. - e eu realmente nunca acreditava.

Come up to meet ya, tell you I'm sorry
[Vim para te encontrar, te dizer que eu sinto muito]
You don't know how lovely you are

[Você não sabe como você é maravilhosa]
O que essas palavras fazem com a gente? Eu, que sempre adorei solidão, ultimamente tenho me deixado levar até sentimentos que não deveria conhecer. Não sozinha. Será que devemos chegar nestes lugares escondidos dentro da gente? Acho perigoso.

E ainda assim as letras são tão verdadeiras...

I had to find you, tell you I need ya
[Eu tive que te encontrar, contar-lhe que eu preciso de você]
And tell you I set you apart

[E lhe dizer que eu te deixei de lado]
Ainda que seja um erro deixar sentimentos levarem, me parece mais correto do que deixá-los escondidos. O coração nunca para de sussurrar em meus ouvidos. E preciso escutar o que diz meu coração para continuar respirando.